terça-feira, 6 de janeiro de 2015

FELIZ 2015 ENO-APAIXONADOS!! QUE ESSE ANO SEJA REPLETO DE MUITOS BRINDES...

E para começarmos bem, vale lembrar que o grande trunfo na degustação de vinhos não está nas taças, no ambiente, nem na própria bebida e sim em nós mesmos através dos SENTIDOS.

Embora eles estejam conosco desde o nascimento, normalmente, só os desenvolvemos com mais afinco quando precisamos dele profissionalmente ou numa fatalidade, para que um possa suprir a falta de outro. O que é muito engraçado porque tudo o que existe no mundo, só pode ser percebido através dos sentidos, então porque será que vemos, mas não enxergamos; ouvimos, mas não escutamos; bebemos, mas não degustamos? A correria do dia a dia nos rouba os pequenos prazeres da vida e permitimos que isso aconteça aceitando o termo "fast" (food e outros) como uma necessidade constante.

Minha proposta para o novo ano é que consigamos perceber as CORES, AROMAS e SABORES de tudo o que está a nossa volta, curtindo os momentos, se conectando com as pessoas (virtualmente não vale...rs!), sentando a mesa para as refeições com a família e aproveitando cada sabor em nosso prato.

Quando degustamos nossa memória trabalha para identificar o que está em nossa boca e, muitas vezes, dispara âncoras que nos leva de volta a um momento passado de nossas vidas: a massa da nona, a festa de formatura, o nascimento de um filho, lembranças carregadas de emoções e que fazem a vida valer a pena.

No mundo do vinho, para um nariz bem treinado nada melhor que uma visita ao supermercado, a feira, ao mercadão central, levando até ele frutas, legumes, temperos, especiarias e cheirando-os até a exaustão, pois assim tudo fica registrado e quando provar um vinho conseguirá acionar essa memória e identificar os aromas. Mas isso vale para tudo. Pratique...recomendo!!



terça-feira, 14 de outubro de 2014

Bebendo Estrelas




Um vinho elegante e refinado que nos inebria os olhos, o corpo e a alma, nos torna livres e nos "rouba" as verdades...



Assim é o champanhe e foi Dom Pérignon, monge beneditino da abadia de Hautvillers no séc. XVII quem definiu a sua fórmula o que tornou o seu nome o representante do vinho de maior prestígio da casa Moet & Chandon. Incomodado com a alta acidez do vinho após a primeira fermentação decidiu colocá-lo na garrafa e estudar as mudanças que isso causaria e, tempos depois, chamou a todos dizendo: Venham depressa! Estou bebendo estrelas!

Produto de uma segunda fermentação na garrafa, o champanhe é uma das AOC¹ (Appellation dOrigine Contrôlé definida em 1927) mais famosas da França. É composto por três uvas permitidas pela legislação: a Chardonnay, responsável pelo frescor e elegância, a Pinot Noir que garante corpo e potência, e a Pinot Meunier agregando suavidade e equilíbrio.

Estas uvas, após o processo de produção de um vinho tranquilo² serão misturadas de acordo com a porcentagem desejada pelo enólogo e o estilo da casa. A mistura será engarrafada  para que a segunda fermentação aconteça, se formando uma grande quantidade de gás carbônico.

O tipo de champanhe é estabelecido após a extração dos sedimentos e a adição do licor de expedição para completar o conteúdo da garrafa, tornando o champanhe um brut, demi-sec, doux, etc., e você verá essa informação no rótulo.

Aliás, pode acontecer também de existir as inscrições Blanc des blancs ou Blanc des noirs. O primeiro caso designa um champanhe branco feito somente com a uva branca Chardonnay, já no segundo, teremos um branco feito com as uvas tintas Pinot Noir e Pinot Meunier. O Rose é outra versão conhecida e, normalmente, bem mais cara e especial a julgar pelo fato da difícil elaboração dos vinhos tintos na fria e úmida região. 
Bem, seja como for champanhe é champanhe e acredito que muitos, assim como eu, concordam com o que dizia a mulher mais influente da França no reinado de Luiz XV, Jeanne-Antoinette Poisson, conhecida como Madame de Pompadour: "Eu bebo quando estou feliz e quando estou triste. Algumas vezes bebo quando estou sozinha. Quando tenho companhia, considero obrigatório. Beberico se não tenho fome e bebo quando tenho. Além dessas ocasiões eu nunca toco em champanhe... A não ser que tenha sede!" 
Mantenha sempre uma garrafa desta maravilha em sua adega, sobretudo, em dias quentes (servido na temperatura ideal de 6° a 8°C), pois ele é sempre muito refrescante.

¹
 Denominação de Origem Controlada é a legislação que dita as normas para a produção de vinhos em determinadas regiões da França;² Vinho tranquilo é aquele que não apresenta gás carbônico.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Um PORTO Seguro e delicioso


Tudo começou com a exportação de vinhos de Portugal para a Inglaterra que a longa viagem de navio, fazia com que grande parte estragasse. Então, alguns passaram a receber certa quantidade de aguardente vínica, uma vez que a alta graduação alcoólica retarda a ação das bactérias, tornando-se assim um vinho fortificado. Os ingleses, descobrindo essa maravilha, viraram seus defensores e passaram representar grandes marcas: Grahams, Cockburn, Croft, entre outras...
As uvas para a produção do vinho do Porto são provenientes da região do Douro, que possui solo de xisto e granito (tipos de pedra), responsáveis pela boa drenagem da terra, ao mesmo tempo em que obriga a videira a aprofundar suas raízes por até 20m na busca por nutrientes em meio às fendas rochosas.
Para a produção dos tintos, as uvas usadas são: Tinta Barroca, Tinta Roriz, Tinto Cão, Touriga Francesa ou Franca e Touriga Nacional¹.
Já para os Brancos (sim, existe vinho do Porto Branco) utiliza-se a Códega, Gouveio, Malvasia Fina, Rabigato e Viosinho¹.
Existem mais de dez estilos diferentes de Porto, mas não há dúvida de que o mais badalado e caro é o VINTAGE. Para ele são destinadas as melhores uvas das melhores regiões e vinhedos. Sua produção acontece somente em anos excepcionais e, por isso, o rótulo tem safra declarada.
Tipos e duração das garrafas depois de abertas 

- Branco = dura de semanas até meses;
- Ruby e Young Tawny = de duas semanas a três meses;
- Aged Tawny = de um mês a um ano;
- Colheita = de um a seis meses;
- Vintage Character = de duas semanas a quatro meses;
- Late Bottled Vintage (LBV) e Crusted = de uma semana a dois meses;
- Traditional Late Bottled Vintage = de um dia a duas semanas;
- Vintage, Single Quinta Vintage e Garrafeira (nestes casos depende tanto da idade quanto da delicadeza) = de um dia para os Portos Velhos e delicados, até duas semanas para os mais novos e robustos.
Vale ressaltar que o tipo de Porto sempre estará registrado no rótulo e que, a partir do momento em que a garrafa é aberta, um processo de oxidação² se inicia, para minimizar tais efeitos prolongando a vida do vinho, mantenha-o na geladeira ou na adega. Saiba que o sabor se altera de acordo com o tempo para o consumo total da garrafa.
O grande parceiro gastronômico do Porto é o chocolate, preferencialmente os meio amargos e amargos, que amenizam o doce do vinho e vice versa. Prove com um Petit gateau ou com Profitelores... Hummmmm!!!

¹ Uvas autóctones, ou típicas da região. Portugal tem um leque riquíssimo de uvas próprias. ² Oxidação: causada pelo oxigênio fazendo com que o vinho tenha seu aroma e cor alterados de acordo com a exposição.
Matéria criada por Marcia Gombos para o Portal IG

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Vinho e Pizza: um clássico!



A história conta que ela surgiu muitos anos a.C. e era consumida por diferentes povos como os Hebreus, Babilônios, Egípcios tendo formatos e ingredientes diferentes, mas hoje temos um padrão oficial: redonda, com base de massa, molho de tomate e uma imensa variedade de "recheios" para atender a todos os gostos. Para ter uma idéia de seu consumo, a cidade de São Paulo representa 53% no consumo nacional desta delícia, o que se traduz em quase um milhão de unidades DIA!!!

Bem, e nada melhor para acompanhá-la do que uma bela taça de vinho, não é mesmo?? Aí vão algumas dicas:

Os brancos  leves (Ex: Sauvignon blanc) ficam bem com as opções vegetarianas e delicadas, como Abobrinha, Escarola, Alho poró, Ricota com tomates e por aí vai;

Os brancos encorpados (Ex: Chardonnay) ficam ótimos com as pizzas de mais estrutura como a de atum, lombo, 4 queijos, Palmito, Catupiry...

Os tintos jovens de boa acidez e taninos leves são a pedida certa para Mozzarella, Margherita, 4 queijos, Presunto, entre outras do mesmo estilo.

Os tintos encorpados precisam de "peso" para uma harmonização perfeita, como: Calabresa, Toscana, Bacon, Parma.

Vinhos doces para as pizzas doces, certo? Sim, mas dê preferência para o Porto nas opções com chocolate e os "colheita tardia" ou um Moscato d'Asti para aquelas a base de frutas...hummmmm!!!

Na dúvida sempre tem aquela opção coringa que fica bem com praticamente tudo, ou seja, um espumante seco de boa qualidade vai se sair muito bem também.

Eno-abraços e bom apetite!

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Herança Genética

Na Quarta passada (17) tivemos a oportunidade de estar com grandes personagens do mundo do vinho num almoço harmonizado primorosamente.
Há alguns anos que conhecemos os vinhos da vinícola Lagarde, mas eles sempre surpreendem positivamente. Fundada em 1897 na província de Luján de Cuyo - Mendoza/Argentina ela é uma bodega familiar que começou pelas mãos da paixão por essa bebida e, por isso, só fez melhorar a qualidade ano a ano. Terceira geração a assumir o controle, Sofia e Lucila Pescarmona mostram que podem acompanhar as tendências do mercado, sem abrir mão da expressão do Terroir e de sua filosofia, da paixão adquirida em sua herança genética. Donos de um portfólio invejável como, um dos nossos "cortes" favoritos, o Henry Gran Guarda N.1 (trazido ao Brasil com exclusividade pela importadora Devinum, assim como os demais vinhos abaixo) e o vinho branco mais velho engarrafado da América Latina, um Sémillon 1942 que é RESERVA DA FAMÍLIA, mas já tivemos a oportunidade de provar e é INDESCRITÍVEL.




segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Você sabe o que é um decanter?

O decanter é uma garrafa de vidro ou cristal que possui base ampla, permitindo uma superfície maior de contato do vinho com o ar

Sua função vai além de tornar o serviço do vinho charmoso, pois com o seu uso o ajudamos a respirar, a evoluir, desabrochando seus aromas e segredos. 

O processo de decantação é sempre aconselhável para os vinhos não filtrados, com grande concentração de tanino (como os Tannat) e, sobretudo os tintos encorpados e longevos (mais velhos) que normalmente apresentam sedimentos em decorrência de sua evolução na garrafa. Para os tintos jovens de cor profunda, ainda bastante tânicos e ácidos também é uma boa alternativa.

Quando o vinho é decantado, vemos a reação química das substâncias presentes no mesmo que, ao entrarem em contato com o ar sofrem mudanças, na maioria das vezes, benéficas. Quanto melhor o vinho, sua estrutura e complexidade, maior será o tempo de aeração no decanter. Os vinhos mais simples (mais baratos), considerados vinhos do dia-a-dia não ganham em nada com o processo de decantação, portanto, ele é totalmente dispensável.

Um alerta: vinhos MUITO velhos podem sofrer com a decantação, uma vez que, com o envelhecimento prolongado, ele vai se afinando e em dado momento sua estrutura passa a apresentar certa fragilidade às mudanças bruscas. Ao entrar em contato com o ar, esta delicadeza fará com que o liquido oxide rapidamente. Portanto, você encontrará um vinho maravilhoso nos primeiros minutos, que se tornará intragável pouco depois. Recomendo que nesta situação o vinho seja colocado num cesto próprio para serviço, no qual ele se manterá deitado. Depois de uma hora nesta posição, sirva com muito cuidado para não agitar a garrafa e levantar partículas que o tornarão turvo e deguste em seguida. Assim, você diminuirá a superfície de contato com o ar.

Não tenho decanter, o que faço?
Bem, com certeza esse não será um impedimento para que consiga degustar o vinho em sua plenitude. Portanto, o segredo é ter PACIÊNCIA . Escolha uma taça grande de cristal ¹ , sirva apenas até a metade e espere um pouco. Se quiser gire a taça de vez em quando, pois isso ajudará bastante e acelera o processo. Cheire e dê pequenos goles, assim perceberá claramente suas mudanças e terá a oportunidade de degustar vários vinhos em um só.

Outra alternativa são os “aeradores” de vinho que funcionam de acordo com o Teorema de Bernoulli² no qual descreve que quando um líquido passa por um tubo onde há uma redução no diâmetro, acontece uma variação na pressão do líquido, para baixo, e um aumento na velocidade com que ele flui. Através de um pequeno orifício, esse líquido em baixa pressão e maior velocidade é capaz de atrair um fluxo de ar que permite maior exposição ao oxigênio. A diverença é que ele não é recomendado para todo tipo de vinho, principalmente os mais velhos e faz com que o vinho direto “respire” na passagem da garrafa para a taça
  
¹ O cristal é poroso e quebra as moléculas do vinho, fazendo com que seus aromas desprendam da taça e subam em direção ao nariz.
² Proposto pelo físico suiço Daniel Bernoulli.


Matéria de Marcia Gombos  para o Portal IG

terça-feira, 9 de setembro de 2014

As Rainhas Cabernet Sauvignon e Chardonnay

Existem diversos aspectos que caracterizam os vinhos, mas podemos dizer que o tipo de uva é o mais marcante, a espinha dorsal. Por isso, vamos falar sobre duas uvas que são consideradas soberanas entre as demais: a Chardonnay e a Cabernet Sauvignon.

Tidas como as mais populares mundo afora, graças a sua facilidade de cultivo e adaptação a diferentes climas e solos, estas duas uvas são as rainhas em seus grupos (brancas e tintas, respectivamente).

A Cabernet é uma uva de bagas pequenas que possui uma casca espessa e pouca poupa, portanto, seu rendimento é baixo. Em contrapartida ela é versátil e se apresenta muito bem quando usada em corte¹ com outras uvas. Por exemplo, com a Merlot e a Cabernet Franc (sua prima), representando assim o famoso corte usado em Bordeaux/França. Também dá ótimos resultados quando vinificada sozinha. Seus vinhos são encorpados, de boa estrutura e acidez, alguns austeros e longevos, outros frutados e prontos para serem consumidos ainda jovens. De cor profunda com nuances violáceos quando novos e ao envelhecer ganhando notas acastanhadas. Além de possuir aromas bem marcados e característicos com certas alterações decorrentes do terroir de origem, tem sempre personalidade forte e marcante. Geralmente apresenta: cassis, herbáceos, frutos negros e cedro.

A Chardonnay é uma uva branca que produz vinhos badalados e muito conhecidos como: Montrachet, Poully-Fuissé, Chablis, Champagne - neste caso quando vinificada sozinha, o vinho trará no rótulo a informação de que se trata de um Blanc de Blanc OU quando associada à Pinot Noir e a Pinot Meunier se tornará um Blanc de Noir - além de vários outros. Apresente aromas potentes de avelã, pão tostado, frutos cítricos e exóticos.
Embora sua terra natal seja a Borgonha, essa pequena notável se adapta facilmente a regiões distintas produzindo vinhos conceituados na Austrália, Califórnia, Itália, Chile, entre outras. Fica óbvio sua tolerância a climas diversos sejam eles frios ou mais quentes resultando em aspectos distintos
Poucas uvas brancas conseguem atingir bons resultados e manter sua personalidade quando passadas por barris de carvalho, mas falamos de uma rainha e como tal ela se destaca, harmonizando-se com a madeira e apresentando vinhos amanteigados e de vida longa.

Faça uma seleção com essas duas soberanas provando vinhos de diferentes lugares e estabelecendo paralelos com as características básicas delas e as particularidades que apresentam . Você entenderá o porquê de tanta fama.

¹Corte, assemblage, blend: sinônimos da misturas de diferentes UVAS num mesmo vinho.²Terroir é o termo usado para designar o contexto no qual a uva é cultivada e que engloba o clima, composição do solo, índice pluviométrico, relevo, ensolação e uma série de outros aspectos que mudam de lugar para lugar o resultado final.