quarta-feira, 29 de junho de 2011

Especial Bordeaux - Parte I

Ela é considerada uma das regiões mais famosas da França e hoje, no mundo do vinho, faz se entusiasmar os mais aficionados e desperta curiosidade naqueles que apenas começaram suas aventuras enológicas.

O rio Gironde corta o relevo de Bordeaux e junto com seus dois afluentes – o Dorgone e o Garone – formam uma importante hidrografia tendo a maioria dos vinhedos localizados às suas margens onde tudo se desenvolve e mostrando o papel fundamental da água na qualidade dos vinhos. Aqui a geografia está desenhada entre o Pólo Norte, o Equador e o Oceano Atlântico a oeste.

Com suas peculiaridades, clima temperado, solos pedregosos de excelente drenagem, é também responsável pelos vinhos mais raros e caros de que se tem notícia. Pérolas como: Chateau Mouton-Rothschild, Chateau Petrus, Chateau d’Yquem, entre outros.

Bordeaux está dividida em diversas sub-regiões dentre as quais podemos citar como as mais importantes: Médoc e Haut-Médoc (St. Estephe, Pauillac, St. Julien, Listrac, Moulis, Margaux, Pessac-Leognan); Sauternes e Barsac; Saint Emilion e Pomerol.

Cada uma dessas regiões possuem características especificas. O que é possível lançar mão como uma forma de escolher corretamente um vinhos nestes casos é que, quanto menor a denominação, maior é a qualidade do vinho. Por exemplo: um Mouton-Rothchild é um BORDEAUX, porém mais especificamente é um HAUT-MEDOC, que por sua vez é um PAUILLAC. Conclusão, esta é a informações que o vinho trará em seu rótulo AOC Pauillac.

Os vinhos de Bordeaux são produzidos com um assemblage¹ de uvas: Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Malbec e Petit Verdot. De qualquer forma, pode-se dizer que as mais representativas e de maior porcentagem são a Merlot – forte na margem direita do rio Gironde e predominante nos vinhos produzidos por lá – e a Cabernet Sauvignon que impera na margem esquerda.

A produção vinícola bordalesa gira em torno de 700 milhões de garrafas/ano. O que a faz ser considerada a maior região do planeta.

Essa fama alcançada por Bordeaux fez com que seus vinhos – de maioria tinta – atingissem altos valores no mercado, principalmente quando o assunto são os cinco Premier Cru Classe²: Chateau Margaux, Chateau Mouton-Rothschild, Chateau Lafite-Rothschild; Chateau Latour e Chateau Haut-Brion, objetos de desejo que dificilmente podem ser comprados por menos de mil reais. São também considerados como vinhos de colecionadores.

Vale ressaltar que muitos Bordeaux de alta qualidade nunca fizeram parte de qualquer classificação oficial e, ainda assim, são vinhos excepcionais (ex. Chateau Petrus). Outro detalhe a salientar é que antes de degustar um grande Bordeaux é preciso muita “litragem”. Exatamente! É necessário possuir uma bagagem considerável de experiências pelo mundo do vinho, porque eles são complexos, poderosos, difíceis e, geralmente requerem um longo amadurecimento, portanto quando provado antes de estar pronto (ele ou você) a decepção é quase certa, mas quando isso acontece no momento ideal, é como sorver gotas de poesia que te levarão para um estado de êxtase pleno e absoluto.

1)      
mistura de uvas diferentes em proporções distintas para que uma complemente a outra e contribua com o seu melhor para o vinho;
 
2)       Classificação realizada em 1855 atribuída a somente cinco vinhos até os dias de hoje, representando os supra-sumo da região;

3)       o amadurecimento acontece na garrafa, sendo necessário que o vinho descanse por alguns anos nela antes de ser aberto e consumido.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

ORGANICOS, BIODINÂMICOS OU NATURAIS?

Vivemos uma grande onda de veneração por produtos orgânicos ou “naturebas” que ganham mais adeptos dia após dia. Logicamente, os vinhos não poderiam ficar de fora desta tendência. Contudo os processos de produção destes vinhos não são resultado de um modismo e sim da filosofia com que cada vinhateiro comanda suas vinhas.

A alta no consumo dos vinhos orgânicos chega a 160 milhões de litros, ou seja, uma média de 5% do total de 3,2 milhões de litros vendidos por ano. Há cinco anos a participação dos orgânicos não chegava a 2% do consumo total.

Para entender melhor as diferenças entre cada um dos métodos de produção dos vinhos que deram nome a essa matéria, vamos descrever suas características básicas:

- Orgânicos: usam somente uvas cultivadas sem agrotóxicos ou pesticidas, mas que podem ter substâncias químicas adicionadas durante o processo de produção como o conservante conhecido como SO2 ou Anidrido sulfuroso e considerado o grande culpado pelas dores de cabeça de alguns enófilos quando usado em demasia pelo produtor.

- Biodinâmicos: utilizam-se do mesmo conceito dos orgânicos, mas vão além, pois todo o ciclo de trabalhos desenvolvidos com a terra e a vinha são determinados pela Lua. É com base no calendário lunar e na posição dos astros que o produtor estabelece a hora de plantar, podar, ou qualquer outra intervenção necessária na videira.
Para cuidar da saúde e integridade do vinhedo, os produtores elaboram suas próprias receitas a partir de elementos naturais, algumas das quais contam com misturas de ervas, água das chuvas entre outros ingredientes que são pulverizados sobre as parreiras para afastar insetos e pragas. Aqui também é permitida a adição de químicas na fabricação do vinho.

- Naturais: Pesticidas e químicos NÃO entram aqui. No tocante ao cultivo da uva, temos as mesmas bases já observadas nos vinhos orgânicos e biodinâmicos, contudo este processo difere dos demais uma vez que NADA pode ser acrescentado na fabricação, sendo mínimas as ações do homem nas plantas. O resultado é um vinho totalmente natural refletindo suas origens. A desvantagem é que estes vinhos tornam-se mais delicados que os tradicionais, uma vez que são vulneráveis a guarda e ao deslocamento por grandes distâncias por não terem qualquer tipo de conservantes, assim como, as variações de temperatura.

Geoffroy de La Croix, produtor biodinâmico da Borgonha, surpreendeu membros de uma confraria em SP com algumas informações passadas, “uma delas dá conta de que em um hectare de terra virgem existem 10 milhões de vidas, entre fungos, cogumelos, insetos, ratos etc., em perfeito equilíbrio ecológico, fato que é dizimado com a ação de produtos químicos. O outro dado é ainda mais impressionante: existem hoje na agricultura mais de 30.000 produtos químicos sendo aplicados, porém apenas 10% deles foram testados em suas implicações quanto à ingestão humana. É assustador, não?” ¹

Fica então a dica para analisar tais possibilidades e incluí-las em sua lista de degustação, pois a tendência é que esses estilos ganhem mais espaço a cada dia. Afinal, uma das premissas no consumo de vinho se baseia na questão da saúde. Voilá!
 



segunda-feira, 13 de junho de 2011

Almaviva

Tornando-se grande referência dos apaixonados por vinhos, o Almaviva nasceu em 1997 quando a Baronesa Philippine de Rothschild (presidente da Baron Philippe de Rothschild) e Eduardo G.Tagle (presidente da Concha Y Toro) se uniram no ideal de produzir um vinho PREMIUM EXCEPCIONAL.

Do encontro de duas culturas nasceu um processo conhecido como PREMIER ORDEN no qual a vinícola e os vinhedos são dedicados exclusivamente a produção de um único rótulo. Solos muito pobres e pedregoso, invernos intensos e chuvosos somados a um longo período de maturação, o ponto mais alto do Valle del Maipo, precisamente na sub-região de Puente Alto, foi o local escolhido para esse desafio, sobretudo por ser aclamada por 20 anos pela produção dos melhores Cabernet sauvignon do Chile.

São utilizadas uvas clássicas de Bordeaux, sempre predominando a Cabernet sauvignon. A colheita é manual e muito minuciosa realizando-se em caixas de apenas 10kg, na intenção de evitar que as bagas sejam rompidas antes do momento desejado.
Uma curiosidade é que embora o vinho seja produzido no Chile, ele é enviado para os negociantes de Bordeaux que os comercializarão pelo mundo inteiro, a exceção o próprio Chile e os EUA.

Outro detalhe pouco conhecido do publico em geral é que o nome ALMAVIVA, embora apresente uma sonoridade hispânica, foi homenagem a uma clássica obra literária francesa chamada "As Bodas de Fígaro" na qual o herói era o Conde de Almaviva. A letra utilizada encerra a homenagem de modo brilhante, pois ela é a caligrafia original de Beaumarchais, autor da obra. Já o logotipo refere-se a um tambor Mapuche (ancestrais chilenos) o qual simboliza a visão da Terra e do Cosmos.
Duas grandes tradições unindo esforços para oferecer ao mundo uma promessa de excelência e prazer.
Não vou citar notas de degustação, pois isso vai depender muito da safra, mas posso garantir que suas papilas gustativas vão ficar apaixonadas. Um deleite para os paladares mais exigentes!

terça-feira, 7 de junho de 2011

NO MUNDO DAS BORBULHAS

O mais famoso dos vinhos, o espumante, é aquele que apresenta gás carbônico, boa acidez e muitas borbulhas na taça.

Produzido como um vinho normal (vinho tranqüilo) ele se tornará um espumante ao acontecer à segunda fermentação. Neste momento dois processos podem ser utilizados: o charmat ou o método clássico.

No método Charmat a segunda fermentação é obtida em cubas de aço inox (autoclaves) que conseguem suportar a alta pressão gerada. O vinho é colocado nas cubas com uma mistura de açúcar de uvas, leveduras e mosto (também conhecida como licor de tiragem). Ao término da fermentação o vinho é trasfegado para outro tanque, recebe o licor de expedição – que definirá o tipo de espumante¹ - sendo engarrafado em seguida. Possibilitando um processo mais rápido e em maiores quantidades, o resultado final terá um custo mais baixo.

Já no método clássico², após a primeira fermentação o vinho “base” resultante é muito ácido. Ele é engarrafado juntamente com uma porcentagem de licor de tiragem para que a segunda fermentação aconteça diretamente na garrafa, seguindo então para as caves subterrâneas onde o vinho ficará em pupitres (específie de estante) na qual a garrafa fica com o gargalo para baixo e em determinadas inclinações. Elas são giradas diariamente na intenção de que as leveduras promovam uma constante troca química com o líquido, seguindo assim a fermentação que irá gerar o gás. A garrafa será girada até chegar a uma posição de mais ou menos 90º para que as borras (leveduras) sejam armazenadas no gargalo, sendo este congelado na intenção de eliminar tais resíduos. Para completar o volume total é acrescido o licor de expedição.

Podemos chamar de espumante todos os vinhos que apresentem “perlage³”, mas existem denominações especificas que nos ajudam a identificar sua procedência:

CAVA – Espanha; MURGANHEIRA – Portugal; CHAMPAGNE – França, etc, sendo este último o mais celebre e afamado de todos, além de ter preços mais elevados. Isso se deve a sua longa e delicada produção que pode levar de 3 a mais de 10 anos (Ex. Pol Roger Winston Churchill) para chegar ao mercado.

Com elegância e refinamento, um bom espumante pode acompanhar um almoço ou jantar do começo ao fim. Conseguindo se harmonizar com tipos diferentes de pratos, portanto, na dúvida a escolha que nunca te deixará errar é esta.

Um vinho vivo, o vinho da felicidade, da paixão, das conquistas, O VINHO DA FESTA!!

DICAS: Espumante Mumm/Argentina, Salton Evidence/Brasil e Piper-Hiedsieck/França.

1.Tipo: brut, demi-sec, doux (teor de açucar);
2.Esse é o método de produção do champagne;
3.Borbulhas.



segunda-feira, 6 de junho de 2011

Bebendo Estrelas

Um vinho elegante e refinado que nos inebria os olhos, o corpo e a alma, nos torna livres e nos “rouba” as verdades.

Assim é o champagne e foi Dom Pérignon – monge beneditino da abadia de Hautvillers no séc. XVII – quem definiu a sua fórmula o que tornou o seu nome o representante do vinho de maior prestigio da casa Moet & Chandon. Incomodado com a alta acidez do vinho após a primeira fermentação decidiu colocá-la na garrafa e estudar as mudanças que isso causaria e tempos depois chamou a todos dizendo: “Venham depressa! Estou bebendo estrelas!”

Produto de uma segunda fermentação na garrafa, o champagne é uma das AOC¹ (Appellation d’Origine Contrôlé definida em 1927) mais famosas da França.

É composta por três uvas permitidas pela legislação: a Chardonnay, responsável pelo frescor e elegância, a Pinot Noir que garante corpo e potência, e a Pinot Meunier agregando suavidade e equilíbrio.

Estas uvas, após o processo de produção de um vinho tranquilo² são misturadas de acordo com a porcentagem desejada pelo enólogo e o estilo da casa. A mistura é engarrafada  para que a segunda fermentação aconteça, se formando uma grande quantidade de gás carbônico. O tipo de champagne é estabelecido após a extração dos sedimentos e a adição do licor de expedição para completar o conteúdo, tornando o champagne um brut, demi-sec, doux, etc, e você verá essa informação no rótulo. Aliás, pode acontecer também de existir as inscrições “Blanc des blancs” ou “Blanc des noirs”. O primeiro caso designa um champagne branco feito somente com a uva branca Chardonnay, já no segundo, teremos um branco feito com as uvas tintas Pinot Noir e Pinot Meunier.

O Rose é outra versão conhecida e, normalmente, bem mais cara e especial a julgar pelo fato da difícil elaboração dos vinhos tintos na fria e úmida região.

Bem, seja como for, champagne é champagne e acredito que muitos, assim como eu, concordam com o que dizia a mulher mais influente da França no reinado de Luiz XV, Jeanne-Antoinette Poisson, conhecida como Madame de Pompadour: "Eu bebo quando estou feliz e quando estou triste. Algumas vezes bebo quando estou sozinha. Quando tenho companhia, considero obrigatório. Beberico se não tenho fome e bebo quando tenho. Além dessas ocasiões eu nunca toco em champagne... a não ser que tenha sede!"

Portanto, mantenha sempre uma garrafa desta maravilha em sua adega.

DICAS: Laurent Perrier Brut, Moet & Chandon Rose, Dom Perignon 2000.

¹ Denominação de Origem Controlada – legislação que dia normas para a produção de vinhos em determinadas regiões da França.

² Vinho tranqüilo é aquele que não apresenta gás carbônico.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

VINHOS DO CONTINENTE AUSTRALIANO

Conhecido por sua fauna repleta de animais exóticos, pela grande barreira de corais e tantas outras belezas, a Austrália é também o local de vinhos concentrados, frutados e aromáticos.
Embora seja o mais velho dos continentes, seus vinhos somente foram descobertos pelo mundo a mais ou menos 20 anos. Integrando-se aos países do chamado “novo mundo”, aqui conseguimos relacionar algumas características típicas de produtores modernos, principalmente no que diz respeito aos rótulos. A identificação é mais fácil dada à maior riqueza de informações como: região de origem, nome do produtor e do vinho, safra e, acima de tudo, a(s) uva(s).

Conta a história que a primeira vinha foi plantada em 1788 e desde então aumenta em qualidade e importância o que é produzido por lá. Poranto, vale ressaltar suas regiões vinícolas de maior destaque: Nova Gales do Sul (dividida em 9 sub-regiões); Austrália Meridional (7 sub-regiões); Victoria (9) e Austrália Ocidental (6).

Os vinhateiros seguem a filosofia de que um bom vinho deve ter origem específica, um terroir distinto e uma diversidade alcançada através das variações de safras.

Em solos pobres, de clima ensolarado e oriundas de regiões cercadas pela água por todos os lados, de norte a sul, as uvas Shiraz/Syrah (tinta) e Chardonnay (branca) são as grandes rainhas por essas terras. Elas se desdobram em vinhos que conquistam, sobretudo, por sua excelente relação de preço/qualidade.

Quem degusta um bom vinho australiano, dificilmente não se sentirá seduzido por sua tipicidade, explosões de aromas, harmonia e, ao fechar os olhos, perceberá que muito daquele país tão belo e hospitaleiro foi fielmente traduzido por esse produto tão envolvente.

Vale ressaltar que os produtores australianos são pioneiros na utilização da “Screwcap” (tampa e rosca) e das embalagens “Bag in Box” que ajudam a diminuir o custo do produto sem interferir, de maneira alguma, na qualidade do resultado final.

DICA: A linha Yellow Tail vale a pena, pois são vinhos "descomplicados" e com excelentes preços. Novidade no mercado brasileiro trazida pela importadora Abflug.