terça-feira, 31 de maio de 2011

Biodinâmicos: frutos da terra

A filosofia de produção de vinhos é completamente distinta entre uma vinícola e outra. Vale à pena ter opções de escolha e deixar o preconceito de lado para conhecer os biodinâmicos.

A palavra soa como algo futurista, quiçá, uma invenção tecnológica pós-moderna, mas na verdade a biodinâmica é um processo antigo, passado de geração em geração, através do qual o homem se baseia nos ciclos naturais do planeta para cultivar suas uvas.


Aqui o respeito pelos aspectos físicos é total, seguindo o seu ritmo e utilizado técnicas holísticas, os biodinamistas não pulverizam pesticidas químicos em seus vinhedos e sim, fazem o controle de pragas através de ervas, minerais e outros elementos da natureza. Seguem as fases da Lua, aram a terra com a ajuda de animais, respeitam os 4 elementos (terra, água, fogo e ar), tal como as características do “terroir¹” e sua expressão.

Assim,o vinho é resultado do que a natureza foi ou fez em determinada safra, contando com a menor intervenção possível da mão humana.

Nicholas Joly da vinícola Coulée-de-Serrant é o mais conhecido defensor desta técnica de viticultura e ressalta: “Eu não quero um bom vinho, mas sim, um vinho verdadeiro”

Eles são diferentes não só na aparência, como também na estrutura e merecem muita atenção. Prove e tente decifrá-los. Pode ser que você adote esta idéia.

1)
palavra em francês usada para designar terreno e tudo que o envolve (geologia, climatologia, geografia, etc)

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Mais uma feira agita a cidade

Foi dado início ontem na ViniVinci’11 (de 24 a 26 de Maio), uma feira de vinhos que reúne mais de 240 rótulos para degustação no Hotel Hyatt em São Paulo.

A importadora trouxe alguns dos produtores que representa com exclusividade no Brasil para que os clientes possam ter a chance, não somente de provar os vinhos, mas também de conversar diretamente com quem acompanha todo o seu processo desde o cultivo da vinha até sua saída para o mercado.

Vale ressaltar algumas descobertas interessantíssimas como o espumante Brut brasileiro produzido pela Angheben (método clássico) com notas a fermento, perlage fino, pimenta e de boa persistência em boca. Prove também o Gewüztraminer 2008 que embora nos assuste a safra está super redondo e fresco, mas o produtor garante que são pouquíssimas as garrafas ainda disponíveis.

Seria uma tarefa impossível degustar tudo o que ali era servido num único dia, mas não pude resistir ao chamado de meus antepassados húngaros e encerrei a noite me deliciando com o que, para mim, é o melhor vinho doce que existe: o Tokaji. Existem 3 opções em degustação sendo elas: o Tokaji Hétszolo 3 Puttonyos* 2003, 5 Puttonyos 2001 e 6 Puttonyos 2001. EXCEPCIONAIS notas de cítricos (casca de laranja, damascos...) amêndoas, mel e quanto maior a quantidade de Puttonyos maior a complexidade aromática e o desabrochar em boca, simplesmente, M A R A V I L H O S O S!!!!

*1 Puttonyo corresponde a 25kg de uvas atacadas por um fungo de nome Botrytis cinerea que provoca a perda de água no interior da baga, concentrando assim os açúcares. Portanto, um Tokaji 3 Puttonyos recebeu 75kg de uvas “passas” junto ao mosto para que essas transferissem sua complexidade e graduação de açúcar ao resultado final. O mesmo acontece com os demais, sendo o mais doce o 6 Puttonyos que tem acima dele uma última denominação, essa muito difícil de encontrar, o ESZCENCIA feito somente com uvas botrytizadas.

Uvas atacadas pelo Botrytis cinerea ou Podridão nobre

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Para aquecer o Outono/Inverno

As baixas temperaturas climáticas favorecem os tintos e também os brancos encorpados, pois eles possuem mais estrutura, corpo, são servidos frescos ao invés de gelados e acompanham os pratos mais gordos e pesados que se consomem nestas épocas. Uma das  mais clássicas harmonizações de Outono/Inverno é o “fondue”¹ e vinho. Esta bebida também cria um ambiente perfeito em frente a uma lareira ou ao lado de uma excelente companhia.


Os vinhos tintos mais encorpados terão maior concentração de taninos que combatem a gordura, sendo uma ótima e indispensável pedida para evitar os maus efeitos desta. Outra boa vantagem é o fato de ser um excelente vasodilatador fazendo com que o sangue circule mais rápido ajudando a aquecer as extremidades – como nariz, pés e mãos – que normalmente ficam mais frios que o resto do corpo porque o organismo concentra as maiores zonas de calor próximas aos órgãos vitais.

Queijos em geral são outro apelo do Outono/Inverno, portanto, vale ter em mãos algumas dicas de boas parcerias:

CAMEMBERT: fica bem com Beaujolais, Bourgogne Passe-Tout-Grain, Chardonnay barricado;

¹GRUYÈRE E EMMENTHAL: Vinhos do Rhone, Syrah, Merlot, Carmenere;

CHEDDAR MATURADO: Tintos de Bordeaux, Porto Tawny, Cabernet Savignon, Chateauneuf-du-Pape.

Desfrute as boas oportunidades da estação curtindo o friozinho ao lado de muito calor humano regado a belos vinhos. Você perceberá que a temperatura se eleva e fica muito mais agradável a cada novo gole e boas risadas.

Para maiores dicas, cursos e palestras acesse: www.toutduvin.com.br que estarei a sua disposição.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

TAYLOR’S lança Porto 1855 pré-filoxérico

Um dos Vinhos do Porto mais antigos e raros do mundo foi posto a venda em Dezembro passado para a  alegria de colecionadores e apreciadores de Vinho do Porto do mundo inteiro, pela tradicional vinícola  Taylor´s .

Taylor’s SCION é um Vinho do Porto pré-filoxérico produzido em meados do século XIX, notável não só pela sua raridade e importância histórica, mas também pelo fato de, após 155 anos de envelhecimento em casco, o vinho estar em perfeitas condições. A equipe de provadores do Robert Parker atribuiu 100 pontos ao SCION o que atesta bem a qualidade deste vinho.

A admirável forma como enfrentou a passagem do tempo fazem da sua descoberta um marco na história do vinho. O SCION é um dos raros sobreviventes do período pré-filoxérico, é um monumento a uma era perdida. Vinhos como o SCION nunca mais serão feitos.

Em 2008 David Guimaraens, enólogo da Taylor’s, provou este vinho que repousava num armazém de uma distinta família do Douro, mantendo-o como reserva privada, com a exceção de um casco que dizem ter sido adquirido por Winston Churchill.

Em 2009, o único descendente direto da família morreu sem deixar filhos e seus herdeiros decidiram vender o vinho dos cascos. A Taylor's adquiriu amostras dos dois cascos e constatou que as quinze décadas de envelhecimento em madeira tinham-no concentrado e conferido uma complexidade mágica. Tornara-se uma essência sublime.

Perante tal valor em mãos, a Taylor’s teve de decidir entre reservá-lo para abrilhantar os lotes de vinhos mais velhos da casa ou engarrafá-lo em separado, oferecendo ao mundo um Porto de 155 anos, nunca antes engarrafado. Como se percebe, a casa decidiu-se pela última opção, engarrafando um número exclusivo de garrafas que, como não podia deixar de ser, serão vendidas numa embalagem extremamente luxuosa. No total só foram produzidas 1000 garrafas, todas vendidas assim que seu lançamento foi anunciado, sendo algumas poucas reservadas para o Brasil.

“A Taylor’s reconheceu de imediato a qualidade absolutamente notável deste vinho e a sua importância histórica pelo que decidiu não o lotar, mas lançá-lo como um vinho de coleção,” declara Adrian Bridge, Diretor-Geral da Taylor's. “No vinho, como em outros campos de atividade, é uma vantagem reconhecer o sucesso de outros, bem como o é alcançá-lo,” acrescentou.

Na minha humilde opinião, não há como negar que VINHO É VIDA E É VIVO! Nasce, cresce, amadurece e envelhece presenteando os apreciadores, a cada fase, com novas descobertas. E essa é a sua grande vantagem sobre as demais bebidas, a DIPLOMACIA, chegando ao mercado com diversos preços, estilos e a promessa de atender à todos os gostos (e bolsos), desde o acompanhamento do dia a dia até a comemoração suprema de uma nova vida.

FONTE: Denise Cavalcante Assessoria.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Mais um pouco de Itália

O passeio de hoje é por uma ilha localizada no extremo sul do país, rodeada pelos mares Tirreno e Mediterrâneo, com mais de 22 km quadrados, detentora de terrenos montanhosos, solos pobres e insolação constante...seja bem vindo a Sicília.

Ela sempre produziu vinho, isso é um fato incontestável, porém encontra-se numa situação antagônica tendo de um lado vinhos medíocres e de outro, muitos de grande categoria e personalidade que somente após um movimento que envolveu os principais produtores da região em busca de qualidade, tornou possível o que hoje se conhece da boa fama dos vinhos sicilianos, fascinantes e com algo totalmente diferente do convencional.

Existem castas típicas deste local que não se vê em nenhum outro do mundo – pelo menos não com a mesma expressividade – como a Nero D’Avola¹, Nerello Mascalese, Nerello Cappuccio, Catarrato, Grecânico, etc, responsáveis por estilos interessantíssimos.

Uma das Denominações de Origem Controladas (DOC’s) é conhecida como ETNA e apresenta-se através de vinhos bastante minerais, devido ao solo composto por propriedades vulcânicas, dada a proximidade com o vulcão que lhe empresta o nome.

Os vinhos mais famosos da região são o MARSALA (doce e fortificado); o Passito de Pantelleria (doce de uvas passificadas) e o Malvasia delle Lipari.

É difícil um apreciador de vinho dizer que gosta mais ou menos do que é feito na Sicília, pois aqui cabe a frase “ame-o ou deixe-o”. A mineralidade, o estilo único e a complexidade encontrada em varietais da Nero D’Avola ou de um belo assemblage² de Nerello Mascalese com Nerello Cappuccio, tornam esses vinhos um desafio e vale, como sempre, ficar de olho no produtor e pesquisar aqueles que possuam uma história de seriedade e empenho no mundo do vinho para não se decepcionar.
 
Para quem ainda não teve a experiência de provar vinhos Sicilianos segue uma boa dica. Preste muita atenção num caráter ferroso, fruta discreta e nas notas minerais bem marcadas. Se tiver oportunidade, faça bruschettas sicilianas para harmonizar. Hummmm!! Tenho certeza de que irá se render aos encantos desses sabores.
 
¹ Mais conhecida como Calabrese
² Vinhos feito com mais de uma uva

 
DICA: Torre Solaria Nero D’Avola IGT Sicília (importadora: De Vinum)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Vamos falar de Itália?

Analisando o mapa da Itália, localizamos no calcanhar da bota com 400 km de extensão, a Púglia. Região de clima ameno (Mediterrânio), algumas colinas, solo calcário e um relevo que apresenta grande parte de planíces sendo um ambiente favorável ao plantio da Vitis vinífera e contando com mais de 190 mil hectares plantados.

A alta produção é vista como um problema, uma vez que a complexidade da uva é posta de lado, mas mudanças vem acontecendo, assim como um conceito de renovação, tomando consciência da necessidade de baixar o rendimento por planta em favor da qualidade. Sua expansão saltou aos olhos de investidores de peso no mundo do vinho, como é o caso da casa Antinori.

Aqui aparecem uvas pouco conhecidas do resto do mundo como a Negroamaro, a Bombino Bianco, a Uva de Troia, a Malvasia Nera, a Primitivo (que pode ser del Tarantino ou di Manduria. Na Califórnia é a famosa Zinfandel), a Otavianello, entre outras

Possue denominações IGT e mais de 25 DOCs definidas, sendo Salice Salentino a que conquistou maior sucesso.

Hoje, de certa forma, o olhar dos produtores na Púglia está voltado para o Novo Mundo, que exporta cada dia mais mão de obra qualificada para essa região, ajudando as vinícolas nos processos de modernização.

Bom, sei que adoro os vinhos por aqui produzidos com seu paladar marcante, potente e preços acessíveis. Por isso, VALE A PENA PROVAR!
 

Dica: Torre Solaria Primitivo Tinto / Puglia (Importadora: De Vinum)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

A temperatura correta

Desculpem o sumiço, mas o servidor do Blog teve alguns problemas que me impediram de realizar os posts.
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Esse é um detalhe simples no serviço do vinho, mas que implica e muito nos resultados de uma degustação.  A temperatura incorreta irá desaparecer com aromas típicos e importantes, ou ainda, ressaltar pequenos defeitos.

Segundo Mauro Celso Zanus – pesquisador da Embrapa Uva e Vinho – “Numerosas substâncias voláteis e não voláteis determinam a percepção do aroma e sabor dos vinhos. A temperatura é uma medida do grau de movimento (energia cinética) destas substâncias e afeta a intensidade e o perfil dos estímulos sensoriais que são enviados para o cérebro.”

Resumindo, se pensarmos num vinho branco feito com a uva Gewuztraminer, muito produzida na Alsacia/França e de excelentes resultados no Chile, este será fragrante, de rico leque aromático (floral) e de ótima acidez, mas se servido acima da temperatura ideal, ficará com aromas fechados, acídulos e alcoólico. Além de ter seus possíveis defeitos camuflados.


O Brasil com seu clima tropical de dias quentes e pouco frio nos obriga a refrescar os vinhos, embora muitos digam que o correto é servi-lo em temperatura ambiente. Isso não deixa de ser verdade quando falamos de países em que a média não ultrapassa os 16º ou 18ºC.

E qual a melhor alternativa para refrescar o vinho se você não tiver uma adega?

Primeiramente, guarde as garrafas em local fresco e ao abrigo da luz para garantir a integridade do conteúdo. Uma hora antes de abrir, coloque na geladeira, ali na parte mais baixa onde normalmente ficam os legumes. Evite a porta, pois nela o vinho será agitado a cada abertura, provocando eventuais alterações.

NUNCA coloque o vinho diretamente no freezer, pois o choque térmico modifica suas características.

O melhor aliado para se atingir a temperatura ideal de brancos e espumantes é o balde de gelo. No primeiro caso, coloque água gelada, algumas pedras de gelo, um punhado de sal grosso (que evita um rápido derretimento) e álcool para que a mistura resfrie de modo mais acelerado. Mergulhe a garrafa até o gargalo. Depois de uns 20 minutos, sirva a todos e volte à garrafa para o balde. Quanto aos espumantes o procedimento é o mesmo, mas pode caprichar na quantidade de cubos de gelo, pois esse vinho precisa estar em temperaturas bem mais baixas que os demais, confira:


TEMPERATURAS RECOMENDAS

20ºC – tintos envelhecidos por muito tempo, estruturados e complexos;
18ºC – tintos estruturados, Portos mais complexos;
17ºC – tintos de médio corpo e de qualidade;
15ºC – tintos jovens e com pouco tanino, frutados e leves;
12ºC – tintos licorosos, Porto Tawny e Ruby;
11ºC – brancos secos de boa qualidade e complexidade, vinhos roses;
10ºC – Champagne envelhecidos e de qualidade, Porto branco;
09ºC – espumantes brut mais complexos, vinhos brancos secos em geral;
08ºC – espumantes brut e prosecco, vinhos brancos aromáticos;
07ºC – brancos doces;
06ºC – espumantes demi-sec;
05ºC – Moscatel e Asti

Calma, não precisa entrar em pânico!! Você saberá com o tempo quando a temperatura estiver de acordo ou não. Na dúvida é preferível que esteja mais frio que quente, pois neste caso basta ter um pouquinho de paciência e “voilà” a temperatura ambiente fará com que o vinho desabroche seus aromas, daí basta curtir.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Nota 10!

Já havia experimentado o Leyda Pinot Noir e rendido minhas congratulações a vinícola, pois este é realmente um vinho muito bom e com um custo melhor ainda. Ontem saí para jantar e o destino foi o Cabaña Del Asado na Rua José Felix de Oliveira – Granja Viana. A especialidade da casa é a parrilla argentina com cortes típicos como bife ancho, chorizo, entre outros.
A atmosfera é deliciosa com uma mistura de rusticidade e charme, o que torna o lugar muito aconchegante.
Bem, para harmonizar com nosso entrecot, bife ancho e bombom de alcatra, minha escolha foi pelo Leyda Reserva Carmenère 2009. Apostei na experiência vivida com o Pinot e na responsabilidade do enólogo em não permitir que dois vinhos com o mesmo nome se apresentassem do forma antagônica e não me arrependi.
A estrutura desse Carmenere com notas de frutos negros, leve aroma de caixa de charutos e taninos domados, abraçaram de modo surpreendente o paladar e estrutura das carnes. Ficou perfeito!!
Uma noite agradabilíssima na companhia de pessoas queridas, um lugar gostoso e o deleite dos sabores em boca. Nota 10!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Acontece

SALTON RECEBE CLIENTES E APRESENTA TODA SUA LINHA NA APAS

A Vinícola Salton marca presença na maior feira do setor atacadista e supermercadista da América Latina, a APAS, que teve início nesta segunda (09) e se estende até o próximo dia 12 de maio no Expo Center Norte, em São Paulo.Contando com a visita de um grande público, a Salton aproveita para apresentar toda a sua linha de produtos para compradores de todo o País e exterior, comemorando o grande número de negócios fechados. “Estamos recebendo clientes de todo o Brasil e grandes nomes do exterior e isso é extremamente importante para nossa empresa”, conta Luciana Salton, gerente de marketing da Vinícola.

O Congresso de Gestão e Feira Internacional de Negócios em Supermercados da APAS está em sua 27ª edição e apresenta as principais novidades do segmento, devendo atrair cerca de 75 mil empresários, diretores e executivos do Brasil e do exterior durante toda a feira. Este ano, o tema escolhido é “Inovação -Simplificando a Vida do Consumidor”.

APAS
Data: de 9 a 12 de maio
Local: Expo Center Norte, Pavilhão Azul(Rua José Bernardo Pinto, 333 - Vila Guilherme)
Informações: tel. (11) 2224-5959


Fonte: MD Assessoria e Comunicação

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Vinhos e amigos uma harmonização PERFEITA!

Na minha opinião é difícil encontrarmos um momento mais delicioso do que um encontro com amigos regado a bons vinhos.


Neste final de semana convidei algumas pessoas queridas para um encontro que visava matarmos as saudades, rirmos muito (como sempre acontece) e nos maravilharmos com alguns rótulos.

Para saciar a fome, montei tábuas de frios, queijos, pães e uma seleção de patês que foram pensados de acordo com cada rótulo que provaríamos.

A noite foi inaugurada pelo tinto espanhol da Sociedade da Mesa oriundo da região de Navarra. CONDADO DE ALMARA CRIANZA 2007 (50% Tempranillo e 50% Cabernet Sauvignon), que havia comprado a poucos dias atrás e foi uma adorável surpresa, redondo, taninos suaves, frutas maduras e excelente estrutura em boca. Eleito o vinho da noite!!!

Na sequência provamos um ACHAVAL FERRER MALBEC 2003 da região de Mendoza/Argentina. Eu já conhecia esse vinho desde 2005 e, infelizmente, ele perdeu sua força, leque aromático e hamonia em boca. É um vinho EXCEPCIONAL, mas não deve ser guardado tanto tempo. Meu amigo que nos presenteou com ele, ficou um tanto decepcionado porque o provou em seu auge como eu.

Partimos então para o CASAS DEL TOQUI CABERNET SAUVIGNON RESERVA 2009 do vale Cachapoal/Chile. Um típico cabernet chileno intenso, de taninos marcados, notas de frutas negras e um toque de pimentão. Muito bom também!!

Aí uma grande surpresa para todos que nunca viram um vinho Esloveno antes, isso mesmo, um vinho do leste europeu trazida na bagagem por um querido amigo legitimamente nativo daquela terra. KRASKI TERAN é um vinho rico em ácido lático e ferro, de paladar totalmente diferente ao que estamos habituados. Escritos antigos atribuíam a este o poder de re-estabelecer a saúde e as forças do homem. Sua garrafa tem um design diferenciado e não possui rótulos, somente uma “tag” e algumas inscrições em alto relevo. Uma delas diz: “Osti jarej”, ou seja, mantenha-se jovem.

Bom, a noite encerrou-se com um colheita tardia para acompanhar um belo gorgonzola e ficou maravilhoso. O vinho era outro argentino chamado Dolcissimo feito com a uva Viognier que apresenta uma leve acidez de final de boca suavizando o excesso de doçura. Abraçou o queijo de modo terno e eterno deixando um gostinho de quero mais.


sábado, 7 de maio de 2011

Harmonização: existe um casamento perfeito?

Vinho é bom em qualquer momento e não existe uma regra básica sobre quando devemos abrir uma garrafa. Na minha opinião, isso somente deve ser feito quando se tem vontade, ou seja, SEMPRE!

E na hora de harmonizar, como definir o que abrir? Quais as melhores combinações? Essa é uma das maiores dúvidas que envolvem os vinhos, decidir que vinho servir com determinada comida. Portanto, acredito que é interessante abordarmos o assunto, ressaltando que esta pode ser uma experiência INESQUECÍVEL!

Antes de mais nada, devemos ter em mente dois detalhes muito importantes:
- paladar é algo subjetivo e
- não há duas safras de vinhos que sejam exatamente iguais.

Bem, partimos do principio que tudo é uma questão de DEPENDE: vinho branco é bom com peixe? Depende do peixe e do molho que o acompanha.
Carne somente com vinhos tintos? Depende da carne, de como ela foi preparada, de sua estrutura, temperos, etc.

Precisamos entender que quando decidimos harmonizar pratos e vinhos, precisamos saber quais as características predominantes de cada um deles.

Um exemplo: Bacalhau a Gomes de Sá é um receita com muito azeite, batatas, azeitonas e condimentos, resultando num prato de estrutura, oleosidade, mas feito com peixe. Logo preciso de um vinho que obedeça as mesmas características, que tenha corpo e também acidez para combater a oleosidade, e neste caso a recomendação seria um branco encorpado feito com a uva Chardonnay e que tenha passado por barricas de carvalho. Ou ainda, um tinto leve aromático feito com a uva Pinot Noir por um produtor do novo mundo (são mais frutados).

No dia a dia, para receber os amigos em casa ou para um jantar mais formal, você poderá utilizar regrinhas que ajudarão bastante a esclarecer quais as melhores opções. Veja, elas não são verdades absolutas e infalíveis, mas a possibilidade de errar é deveras menor.

Pratos leves (saladas, frutos do mar, queijos delicados) = vinhos leves (preferencialmente os brancos);

Pratos gordos, substanciosos = vinhos tintos gordos, cheios e de boa acidez (os produzidos no novo mundo são uma excelente alternativa, assim como os franceses do Rhone, Languedoc, Corbieres, etc);

Massas com molhos ricos ou Carnes suculentas = tintos encorpados;

Sobremesas de chocolate ou quando ele aparece como elemento dominante = Porto;

Sobremesas com frutas ou caldas de frutas em que tal sabor sobressaia = late harvest, Moscato, espumante demi-sec.

A harmonização deve ser pensada prato a prato, contudo se não existir “verba”, uma ótima alternativa é utilizar vinhos espumantes que funcionarão bem com a maioria.

Quanto aos casamentos perfeitos, eles existem sim e posso citar alguns: ostras com Chablis, queijo Chevre com Sauvignon Blanc, Roquefort com Sauternes, cordeiro assado com Bordeaux, mas vale repetir que paladar é subjetivo, pessoal e intransferível!!!

Lembre-se: o que vale é o momento, o prazer proporcionado e a valorização de sua refeição pelo simples fato de ter um vinho à mesa.

Bon Appétit et de la Santé      

quinta-feira, 5 de maio de 2011

The New Portugal

Falando um pouco mais sobre a vinícola DFJ que conheci na feira, quero descrever um pouco do trabalho sério que desempenham. A missão da empresa foi definida da seguinte forma: “Alcançar a excelência da produção de vinhos em Portugal, transformando  a riqueza e a variedade das castas portuguesas em vinhos da mais alta qualidade acessíveis aos consumidores de todo o mundo.”
José Neiva Correia é um enólogo que atua de modo eloqüente na defesa da produção em harmonia com a natureza e respeito aos  desejos do consumidor, o que lhe serve de inspiração.
Em parceria com a enóloga Lisete Lucas, Neiva criou o tinto QUINTA DO ROCIO que é um projeto inédito com o desafio de aliar um terroir histórico a uma interpretação contemporânea da tradição. 

Localizada na região de Estremadura, a Quinta do Rocio pertenceu a Pedro Álvares de Cabral (ele mesmo, nosso descobridor) responsável pelo plantio das primeira videiras em 1503. Foi também o local onde nasceu e morreu o Visconde de Chanceleiros (1835-1905) viticultor português de grande destaque.  Em resumo a cultura da vinha e do vinho estão ligados a essa terra desde séculos atrás, portanto, o resultado não poderia ser diferente: MUITO BOM!
Provei o Quinta do Rocio 2007 (Syrah, Merlot, Touriga Nacional e Grenache) e adorei. Ele é encorpado, de excelente estrutura, harmônico, final de boca longo e perfeito para casar com um cordeiro, uma carne suculenta, um prato de “peso”. O classifico como um vinho gastronômico que pede um belo acompanhamento.

Vale destacar também o branco Paxis Arinto 2009, aromático, leve, receptivo e também o DFJ Pinot Noir/Alfrocheiro 2008 que se mostrou um tinto leve, de tanino bem marcado (ainda melhora) e uma boa pedida de harmonização com carnes magras.
Posso dizer que agora é a vez do Brasil descobrir Portugal. Eu me surpreendi e recomendo!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Uma deliciosa descoberta

Passeando pela Expovinis encontrei muita gente conhecida e entre elas o Fernando Rodrigues da Lusitano Import que, me convidou para degustar os vinhos da Vinícola portuguesa DFJ num bate-papo muito agradável que envolveu o próprio enólogo José Neiva Correia.

Fiquei muito empolgada com o que vi e provei, sobretudo, mediante a descoberta de uma uva que ainda não conhecia: a CALADOC.

Questionado por mim o enólogo explicou que trata-se de uma mistura entre a Grenache e a Malbec (Cot) criada pelo ampelógrafo francês Paul Truel do Institut scientifique de Recherche Agronomique (INRA). O objetivo do instituto francês de pesquisa do vinho, era produzir uma espécie que fosse semelhante ao Grenache, porém, mais resistente às doenças e interpéries. A Caladoc produz folhas largas e bagas de tamanho médio, pouco compacto, tronco cônico, tem maturação média (colhida em Setembro) é bastante produtiva e origina vinhos de boa concentração

Provei dois rótulos que mesclam Caladoc com Tinta Roriz (uva clássica portuguesa sobretudo na região do Douro). O primeiro, PAXIS 2006, se apresentava muito aromático com notas florais, toques especiados e leve madeira, sendo em boca redondo, pronto.
Já o Alta Corte 2008 é o vinho do “amor” como definiu José Neiva, intenso, envolvente, estruturado, rico e com um belo potencial de guarda.



Fica a dica, porque vale muito a pena degustar.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Destaques Brasileiros

A 15ª edição da Expovinis esteve melhor do que nunca. Muitos profissionais da área (como eu por exemplo) marcaram presença nos 3 dias de evento e se deliciaram com as degustações, bate-papos com produtores, palestras de entidades com o Ibravin, Senac, entre outras atividades.

Como acontece todo ano, um júri escolhido a dedo elegeu os melhores vinhos da feira e, para o meu encantamento, muito BRASILEIROS garantiram lugar de destaque. Bom, nem vou tocar no assunto espumantes, pois nesse quesito acho que ninguém mais tem qualquer dúvida de que as borbulhas produzidas na terra brasilis são de excelente qualidade. Então vamos lá: entre os brancos os destaques ficaram por conta do: Villa Francioni Sauvignon Blanc 2009; Sanjo Núbio Sauvignon Blanc 2010;
Salton Virtude Chardonnay 2008; Monte Agudo Terroir De Altitude Chardonnay 2008 e Sanjo Maestrale Integrus 2008.

Já nos tintos tivemos: Pizzato DNA 99 safra 2005; Santo Emílio Leopoldo Cabernet Sauvignon Merlot 2007; Miolo Merlot Terroir 2008 e Viapiana Via 1986 Marselan 2009.

Outra informação que mostra como os vinhos de nosso país estão cada vez melhor obtive numa conversa com o Christian Wilkens que ministrou uma palestra sobre "Oportunidades e Desafios no Mercado de Vinho na Atualidade". Ele me disse (e eu pesquisei para não falar bobagem) que em 2010 um grupo de experts participou de uma degustação conduzida pelo master of wine Dirceu Vianna Júnior e elegeu o ranking dos 10 melhores Merlots do Mundo. Adivinhe só: dentre eles 8 eram brasileros, confira:
1º Miolo Merlot Terroir 2005 - Brasil;
2º Thelema Merlot 2005 - África do Sul;
3º Pizzato Single Vineyard Merlot 2005 - Brasil;
4º Vallontano Merlot Reserva 2005 - Brasil;
5º Concha Y Toro Casillero del Diablo Merlot 2006 -Chile;
6º Larentis Reserva Especial Merlot 2004 - Brasil;
7º Don Laurindo Merlot Reserva 2005 - Brasil; 
8º Cavalleri Pecato Merlot Reserva 2005 - Brasil;
9º Michelle Carraro Merlot 2005 - Brasil;
10º Milantino Merlot Reserva 2004 - Brasil.

Fica então a dica: Vinho no Brasil PODE SER MUITO BOM SIM, portanto, PROVE!