terça-feira, 14 de outubro de 2014

Bebendo Estrelas




Um vinho elegante e refinado que nos inebria os olhos, o corpo e a alma, nos torna livres e nos "rouba" as verdades...



Assim é o champanhe e foi Dom Pérignon, monge beneditino da abadia de Hautvillers no séc. XVII quem definiu a sua fórmula o que tornou o seu nome o representante do vinho de maior prestígio da casa Moet & Chandon. Incomodado com a alta acidez do vinho após a primeira fermentação decidiu colocá-lo na garrafa e estudar as mudanças que isso causaria e, tempos depois, chamou a todos dizendo: Venham depressa! Estou bebendo estrelas!

Produto de uma segunda fermentação na garrafa, o champanhe é uma das AOC¹ (Appellation dOrigine Contrôlé definida em 1927) mais famosas da França. É composto por três uvas permitidas pela legislação: a Chardonnay, responsável pelo frescor e elegância, a Pinot Noir que garante corpo e potência, e a Pinot Meunier agregando suavidade e equilíbrio.

Estas uvas, após o processo de produção de um vinho tranquilo² serão misturadas de acordo com a porcentagem desejada pelo enólogo e o estilo da casa. A mistura será engarrafada  para que a segunda fermentação aconteça, se formando uma grande quantidade de gás carbônico.

O tipo de champanhe é estabelecido após a extração dos sedimentos e a adição do licor de expedição para completar o conteúdo da garrafa, tornando o champanhe um brut, demi-sec, doux, etc., e você verá essa informação no rótulo.

Aliás, pode acontecer também de existir as inscrições Blanc des blancs ou Blanc des noirs. O primeiro caso designa um champanhe branco feito somente com a uva branca Chardonnay, já no segundo, teremos um branco feito com as uvas tintas Pinot Noir e Pinot Meunier. O Rose é outra versão conhecida e, normalmente, bem mais cara e especial a julgar pelo fato da difícil elaboração dos vinhos tintos na fria e úmida região. 
Bem, seja como for champanhe é champanhe e acredito que muitos, assim como eu, concordam com o que dizia a mulher mais influente da França no reinado de Luiz XV, Jeanne-Antoinette Poisson, conhecida como Madame de Pompadour: "Eu bebo quando estou feliz e quando estou triste. Algumas vezes bebo quando estou sozinha. Quando tenho companhia, considero obrigatório. Beberico se não tenho fome e bebo quando tenho. Além dessas ocasiões eu nunca toco em champanhe... A não ser que tenha sede!" 
Mantenha sempre uma garrafa desta maravilha em sua adega, sobretudo, em dias quentes (servido na temperatura ideal de 6° a 8°C), pois ele é sempre muito refrescante.

¹
 Denominação de Origem Controlada é a legislação que dita as normas para a produção de vinhos em determinadas regiões da França;² Vinho tranquilo é aquele que não apresenta gás carbônico.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Um PORTO Seguro e delicioso


Tudo começou com a exportação de vinhos de Portugal para a Inglaterra que a longa viagem de navio, fazia com que grande parte estragasse. Então, alguns passaram a receber certa quantidade de aguardente vínica, uma vez que a alta graduação alcoólica retarda a ação das bactérias, tornando-se assim um vinho fortificado. Os ingleses, descobrindo essa maravilha, viraram seus defensores e passaram representar grandes marcas: Grahams, Cockburn, Croft, entre outras...
As uvas para a produção do vinho do Porto são provenientes da região do Douro, que possui solo de xisto e granito (tipos de pedra), responsáveis pela boa drenagem da terra, ao mesmo tempo em que obriga a videira a aprofundar suas raízes por até 20m na busca por nutrientes em meio às fendas rochosas.
Para a produção dos tintos, as uvas usadas são: Tinta Barroca, Tinta Roriz, Tinto Cão, Touriga Francesa ou Franca e Touriga Nacional¹.
Já para os Brancos (sim, existe vinho do Porto Branco) utiliza-se a Códega, Gouveio, Malvasia Fina, Rabigato e Viosinho¹.
Existem mais de dez estilos diferentes de Porto, mas não há dúvida de que o mais badalado e caro é o VINTAGE. Para ele são destinadas as melhores uvas das melhores regiões e vinhedos. Sua produção acontece somente em anos excepcionais e, por isso, o rótulo tem safra declarada.
Tipos e duração das garrafas depois de abertas 

- Branco = dura de semanas até meses;
- Ruby e Young Tawny = de duas semanas a três meses;
- Aged Tawny = de um mês a um ano;
- Colheita = de um a seis meses;
- Vintage Character = de duas semanas a quatro meses;
- Late Bottled Vintage (LBV) e Crusted = de uma semana a dois meses;
- Traditional Late Bottled Vintage = de um dia a duas semanas;
- Vintage, Single Quinta Vintage e Garrafeira (nestes casos depende tanto da idade quanto da delicadeza) = de um dia para os Portos Velhos e delicados, até duas semanas para os mais novos e robustos.
Vale ressaltar que o tipo de Porto sempre estará registrado no rótulo e que, a partir do momento em que a garrafa é aberta, um processo de oxidação² se inicia, para minimizar tais efeitos prolongando a vida do vinho, mantenha-o na geladeira ou na adega. Saiba que o sabor se altera de acordo com o tempo para o consumo total da garrafa.
O grande parceiro gastronômico do Porto é o chocolate, preferencialmente os meio amargos e amargos, que amenizam o doce do vinho e vice versa. Prove com um Petit gateau ou com Profitelores... Hummmmm!!!

¹ Uvas autóctones, ou típicas da região. Portugal tem um leque riquíssimo de uvas próprias. ² Oxidação: causada pelo oxigênio fazendo com que o vinho tenha seu aroma e cor alterados de acordo com a exposição.
Matéria criada por Marcia Gombos para o Portal IG